Embora o mega-aumento de combustíveis aplicado pela Petrobras na última sexta-feira (11) valha apenas para a gasolina, o diesel e o gás de cozinha, o motorista brasileiro viu subir também o preço do álcool (etanol hidratado). Quem quer economizar precisa fazer um cálculo para saber qual combustível vale mais a pena.
O preço médio nacional do etanol saiu de R$ 5,56 nos dez primeiros dias do mês e subiu para R$ 5,706 entre os dias 11 e 15 (alta de 2,6%). Na mesma comparação, a gasolina teve alta de 8,1% -de R$ 6,939 para R$ 7,499.
VALE A PENA ABASTECER COM ÁLCOOL?
Para saber se compensa trocar a gasolina pelo álcool, é necessário fazer um cálculo que leva em consideração o rendimento de cada combustível. O consumidor deve dividir o valor do litro de etanol pelo valor do litro da gasolina. Se der até 0,70, o álcool compensa mais.
Isso ocorre porque, segundo o engenheiro Gabriel Branco, especialista em motores, um veículo abastecido com etanol rende, em média, 30% a menos do que se estivesse com gasolina. Por isso, para valer a pena, o litro do etanol deve custar até 70% do litro da gasolina.
Com a média nacional mais recente apurada pela Ticket Log, o resultado do cálculo é 0,76. Ou seja, a gasolina é proporcionalmente mais vantajosa na maior parte do país. Mas o álcool costuma ser mais barato em estados do Sudeste e Centro-oeste, onde a produção de etanol é maior.
O cálculo do rendimento do álcool em relação à gasolina também é uma aproximação. O valor de base (70%) pode ser maior ou menor, a depender do desempenho do motor. É preciso que o próprio motorista acompanhe o gasto e decida qual é o melhor combustível no seu caso.
De acordo com Gabriel Branco, a melhor forma de verificar essa relação para cada veículo é por meio da etiqueta PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular). Este é um selo verificado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e traz detalhes do rendimento dos modelos flex, com álcool e gasolina, na cidade e na estrada.
Por exemplo: na avaliação do Inmetro, um Chevrolet Onyx motor 1.0, ano 2021, rende 8,8 quilômetros por litro com álcool na cidade, e 12,8 km/l com gasolina. O cálculo de rendimento aponta que, para este motor, o etanol rende 69% da gasolina.
O Inmetro informou que não há uma padronização para a divulgação deste selo nos veículos. Fontes envolvidas no processo de certificação afirmaram que montadoras que produzem carros pouco econômicos resistem a dar publicidade dos dados ao consumidor.
As tabelas de avaliações de rendimento feitas pelo Inmetro podem ser consultadas neste link, pelo ano de fabricação e categoria do veículo.
POR QUE O ÁLCOOL SUBIU JUNTO COM A GASOLINA?
O mega-aumento anunciado pela Petrobras nos combustíveis teve como pano de fundo a disparada do barril de petróleo após a guerra na Ucrânia. Além disso, como a Petrobras adota uma política de paridade com o preço internacional, a desvalorização do real acumulada nos últimos anos pressiona os reajustes no Brasil.
Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o aumento na gasolina trouxe uma maior procura pelo álcool como alternativa. “Mesmo com estoques suficientes para atender a demanda, há uma autorregulação do mercado, resultando em aumento no valor pago aos produtores”, disse a entidade, em nota.
A Unica afirma ainda que o período de entressafra da cana-de-açúcar, que vai de dezembro a março, reduz a oferta do álcool, o que também pressiona os preços. “A oferta de etanol deverá aumentar a partir do mês de abril, quando as usinas do Centro-Sul começam a processar a safra 2022/2023.”
Rodrigo Zingales, diretor executivo da AbriLivre, associação que representa revendedores de combustíveis em todo o Brasil, diz que a entressafra e a maior procura por etanol explicam apenas parcialmente o aumento do preço.
De acordo com Zingales, o mercado nacional de combustíveis tem muito poder concentrado em poucas distribuidoras, que exercem grande influência sobre o nível de produção e sobre o preço do álcool. O diretor da AbriLivre diz que a competitividade reduzida no setor de distribuição é uma barreira para que o etanol chegue mais barato ao consumidor final.
A reportagem procurou o Sindicom, sindicato que reúne as maiores distribuidoras de combustível do país, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
POR FOLHAPRESS
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